Cirurgias Ginecológicas Comuns: Entendendo os Procedimentos Mais Frequentes

A saúde ginecológica é uma parte essencial do bem-estar feminino, e em algumas situações, procedimentos cirúrgicos podem ser necessários para tratar condições específicas, aliviar sintomas ou melhorar a qualidade de vida. Embora a ideia de uma cirurgia possa gerar apreensão, conhecer os procedimentos mais comuns pode trazer mais tranquilidade e clareza. A Dra. Kérellyn Follador, especialista em cirurgia ginecológica, está preparada para oferecer o melhor tratamento e acompanhamento.

É fundamental entender que a indicação de qualquer cirurgia ginecológica é feita após uma avaliação médica detalhada, considerando o histórico da paciente, os sintomas, exames de imagem e, claro, as preferências e necessidades individuais. Muitas condições podem ser tratadas inicialmente com medicamentos ou outras abordagens menos invasivas, sendo a cirurgia reservada para casos específicos.

Entre as cirurgias ginecológicas mais realizadas, algumas se destacam pela frequência com que são indicadas. Vamos conhecer um pouco mais sobre elas:

Histerectomia

A histerectomia é a cirurgia para remoção do útero. É um procedimento significativo, geralmente indicado para condições mais graves ou que não responderam a outros tratamentos. As principais razões para uma histerectomia incluem miomas uterinos grandes ou sintomáticos, endometriose severa, prolapso uterino (quando o útero "cai" para dentro da vagina), dor pélvica, sangramento uterino anormal que não melhora com outras terapias, e câncer ginecológico (como câncer de colo de útero, útero ou ovários). Dependendo do caso, a histerectomia pode ser total (remoção do útero e colo do útero) ou radical (remoção do útero, colo, parte superior da vagina e tecidos adjacentes, geralmente em casos de câncer). Os ovários e trompas podem ou não ser removidos durante o procedimento (ooforectomia e salpingectomia), dependendo da idade da paciente e da razão da cirurgia. Hoje, a histerectomia pode ser realizada por via abdominal (corte maior na barriga), vaginal (sem cortes externos visíveis) ou por técnicas minimamente invasivas como a videolaparoscopia ou cirurgia robótica, que oferecem recuperação mais rápida e menos dor pós-operatória.

Miomectomia

Ao contrário da histerectomia, a miomectomia é a cirurgia para remover miomas uterinos (tumores benignos muito comuns no útero) preservando o útero. Este procedimento é a opção preferencial para mulheres que desejam manter a fertilidade ou simplesmente conservar o útero. Os miomas podem causar sintomas como sangramento menstrual intenso, dor pélvica, pressão na bexiga ou intestino e dificuldade para engravidar. A miomectomia pode ser realizada por diferentes vias: histeroscopia (para miomas dentro da cavidade uterina), laparotomia (corte abdominal, para miomas grandes ou múltiplos) ou, mais frequentemente hoje em dia, por videolaparoscopia ou cirurgia robótica, que são minimamente invasivas. A escolha da técnica depende do tamanho, número e localização dos miomas.

Ooforectomia e Salpingectomia

A ooforectomia é a remoção de um ou ambos os ovários, enquanto a salpingectomia é a remoção de uma ou ambas as trompas de Falópio. Esses procedimentos podem ser realizados isoladamente ou em conjunto com uma histerectomia. As indicações incluem cistos ovarianos suspeitos ou grandes, endometriose nos ovários (endometriomas), abscesso tubo-ovariano, gravidez ectópica (na trompa), prevenção de câncer de ovário em mulheres de alto risco (com mutações genéticas como BRCA) ou tratamento de câncer ginecológico. A remoção de ambos os ovários em mulheres na pré-menopausa induz a menopausa cirúrgica, cujos sintomas e consequências devem ser discutidos previamente.

Laqueadura Tubária

A laqueadura é um procedimento cirúrgico para contracepção permanente, onde as trompas de Falópio são bloqueadas, cortadas ou removidas para impedir o encontro do óvulo com o espermatozoide. Geralmente é realizada por videolaparoscopia, uma técnica minimamente invasiva que permite alta hospitalar no mesmo dia ou no dia seguinte. É uma decisão importante e deve ser considerada definitiva. Vale ressaltar que existem outros métodos anticoncepcionais igualmente ou mais efetivos, devendo ser discutido em consulta médica.

Cirurgia para Endometriose

A endometriose é uma condição em que o tecido semelhante ao revestimento interno do útero (endométrio) cresce fora dele, causando dor pélvica, cólicas intensas, dor durante a relação sexual e, por vezes, infertilidade. O tratamento cirúrgico visa remover ou destruir os focos de endometriose. A videolaparoscopia é a técnica padrão-ouro para diagnóstico e tratamento da endometriose, permitindo a visualização direta das lesões e sua remoção precisa, muitas vezes com o auxílio de energia (cautério, laser) ou robótica. A extensão da cirurgia varia conforme a gravidade e localização da doença.

Histeroscopia Cirúrgica

A histeroscopia não é apenas um exame diagnóstico, mas também uma via para procedimentos cirúrgicos dentro da cavidade uterina. Através de um instrumento fino com câmera (histeroscópio) inserido pelo colo do útero, é possível remover pólipos endometriais, miomas submucosos (que crescem para dentro da cavidade), corrigir septos uterinos (malformações), realizar ablação endometrial (remoção da camada interna do útero para tratar sangramento intenso em casos selecionados) ou a retirada de um corpo estranho como um DIU, por exemplo. É um procedimento minimamente invasivo, geralmente com recuperação rápida.

É essencial conversar abertamente com seu ginecologista sobre suas opções de tratamento, os riscos e benefícios de cada procedimento, e o que esperar durante a recuperação. A medicina moderna oferece técnicas cada vez menos invasivas, como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica, que proporcionam excelentes resultados com menor tempo de internação e retorno mais rápido às atividades diárias.